Corne Inglês
Instrumento de sopro da família das madeiras, o corne inglês, afinado em Fá, uma quinta abaixo do oboé, é um aerofone de palheta dupla batente heteroglote, construída de duas lâminas em cana, fixas por um tudel comprido, dobrado em ângulo de sessenta graus, ao corpo cónico estreito rectilínio (com cerca de 100 cm.), correntemente construído em três secções, acopladas por furo e respiga: corpo – com dezasseis a vinte orifícios, oito cobertos pelos dedos e os demais activados por mecanismo de chaves metálicas – dividido em junção superior (para a mão esquerda) e; junção inferior (para a mão direita) e; pavilhão característico, em forma de bolbo ou de formato ovóide cortado.
Aquando da realização dos melhoramentos morfológicos e dos ajustamentos à prática interpretativa da charamela em meados do século XVII, da qual decorreu a criação do hautboy, vários modelos de registo grave do novo instrumento foram construídos. Entre aqueles, os modelos em tipologia tenor – tais como o oboe d’amore, o taille de hautbois, e o cor anglais (corne inglês) – retomavam a característica campânula em forma de bolbo, previamente utilizada em alguns modelos de charamelas e gaitas-de-foles medievais e renascentistas. De facto, a distintiva criação do corne inglês decorreu da aplicação do pavilhão em formato de bolbo ao oboé da caccia, um oboé tenor curvo utilizado entre 1720 e 1760, construído numa única peça de madeira e afinado uma quinta abaixo do hautboy. Os cornes ingleses tardo-setecentistas e primo-oitocentistas, de duas chaves, eram caracterizados pelo seu formato curvo ou angular. Em 1810, Triébert, em cooperação com Vogt, aplicou o sistema de chaves e outros melhoramentos do oboé francês ao corne inglês. Duas décadas depois, Brod encetou, ao invés, vários melhoramentos num oboé tenor de corpo rectilínio com pavilhão em forma de bolbo. Aperfeiçoada por Lorée nas décadas finais do século XIX, a morfologia do cor anglais moderne de Brod tornou-se predominante na construção do corne inglês. O instrumento coevo é equipado com mecanismos de chaves e outras inovações morfológicas do oboé.
Bibliografia
Janet K. Page, Geoffrey Burgess, Bruce Haynes & Michael Finkelman, “Oboe” in Stanley Sadie, The New Grove Dictionary of Music and Musicians, Macmillan, 2001.