Mau grado, a oferta de música instrumental, única na Ilha, não terá colhido a início o agrado de festeiros e poucos terão sido os serviços artísticos (gratuitos) realizados pela coletividade: fazendo face ao abandono de alguns músicos, persistiu a instituição com os réditos das quotizações de associados até à sua auspiciosa anexação à Casa do Povo. Sucederam-se, à direção artística da Sociedade Musical de Porto Santo, Lopes, de 1937 e 1946; Lemos (desde 1946-após 1948) e Faria (? – até 1971?). Entre as regulares apresentações nas festividades religiosas da Ilha – a Festa do Senhor, a Festa da Piedade, a Festa da Graça e Festa do Espírito Santo – e em animações na Calheta e Pico, para os visitantes em excursões, destacou-se a participação da Sociedade Musical do Porto Santo nas festas realizadas em 1948 no Funchal para a chegada da imagem de Nossa Senhora. Cerca de quinze anos após a extinção da Sociedade Musical do Porto Santo, a Casa do Povo tomou novo ensejo de reconstituir e sustentar a existência de uma banda filarmónica na Ilha. Com o apoio do Governo Regional da Madeira e da Casa do Povo para a aquisição de instrumentário e para a dotação de um espaço condigno para ensaios e para a escola de música, a Banda Musical da Casa do Povo de Nossa Senhora da Piedade do Porto Santo foi fundada a 12 de maio de 1986. Sob a direção artística de Virgílio Ramos, 2 a primeira atuação da Banda do Porto Santo decorreu a 12 de maio de 1988, numa Procissão das Velas. Em 1991, o Sargento-Chefe João Gomes de Sousa assumiu a regência da coletividade e o ensino de aprendizes. Numa região desprovida de outros agrupamentos filarmónicos de música instrumental, testemunham o assinalável labor daqueles maestros e executantes a participação regular da Banda Musical da Casa do Povo de Nossa Senhora da Piedade do Porto Santo no Encontro Regional de Bandas, as digressões da coletividade aos Açores, em 1997, a Braga, em 2000 e 2001 e à Venezuela, em 2004,3 bem como a sua participação no registo fonográfico do repertório composto para os desfiles das marchas populares de São João no Porto Santo realizados entre 2001 e 2004, editado pela Câmara Municipal de Porto Santo, em 2004. Graças ao regular apoio da Casa do Povo, da Câmara Municipal e do Governo Regional, a Banda Musical da Casa do Povo de Nossa Senhora da Piedade do Porto Santo desenvolve uma proficiente formação musical das comunidades porto-santenses, sendo presentemente constituída por cerca de trinta jovens de ambos os sexos, e uma relevante atividade artística, atuando nas festividades religiosas, nas festas populares de Verão, em eventos cívicos e oficiais, a pedido da edilidade, e em concertos em Porto Santo e na Madeira. Rui Magno Pinto Fonte 1: Franco, João F.D., 2011. Bandas Filarmónicas Portuguesas; p.784, Ancorensis.
Na senda do notável incremento do movimento filarmónico regional no dealbar da década de 1930, se fundou a Sociedade Musical do Porto Santo (circa 1930-1971), por iniciativa do Padre Lira, de José Joaquim Pestana de Vasconcelos, e de França, um violinista portuense que havia visitado o arquipélago em digressão com o teatro-circo e que se havia estabelecido naquela Ilha. Constituída por vários jovens porto-santenses e por músicos militares deportados para aquela Ilha, a Sociedade Musical do Porto Santo beneficiou de verba da Câmara Municipal e procedeu à coleta de donativos em toda a Ilha para a aquisição do instrumentário necessário. Sob a direção artística de França, os cerca de quinze executantes da Sociedade Musical do Porto Santo iniciaram a animação das festividades religiosas locais com repertório copiado das congéneres associações funchalenses e câmara-lobenses, tendo-se apresentado pela primeira vez na Madeira em 1935, na Festa do Senhor, em Câmara de Lobos.
Fonte 2: Cedido pela Banda “Fernandes, Carina. 2018”.
Fonte 3: http://www.bandasfilarmonicas.com/cpt_bandas/banda-da-casa-do-povo-n-sra-da-piedade/.