Oboé

Oboé

Instrumento de sopro da família das madeiras, o oboé é um aerofone de palheta dupla batente (por concussão), com corpo cónico estreito (tubo aberto de circa 60 cm.), com dezasseis a 20 orifícios, seis dos quais premidos pelos dedos do intérprete e os demais activados por um complexo mecanismo de chaves. O oboé é correntemente construído em pau-preto, ebonite ou plástico em três secções, unidas por furo e respiga: corpo superior e; corpo inferior, com seis orifícios e mecanismo de chaves metálicas e; campânula, ligeiramente pronunciada. Habitualmente fabricada pelos instrumentistas, a palheta heteroglote é constituída por duas lâminas em cana (arundo donax ou arundo sativa), mais finas junto à embocadura, que se afixam a uma pequena peça em cortiça, colocada em orifício no extremo superior do instrumento.
O uso de instrumentos de palheta dupla batente remonta à Antiguidade (aulos, surnay) e ter-se-á disseminado pela Europa no século XIX, aquando das Cruzadas. A profusa construção de instrumentos de palheta dupla, com e sem cápsula (que protegia a palheta dupla) no período da Idade Média e Renascimento, tais como a charamela, o cromorne, a dulçaína, o curtal e a gaita de foles encontra-se documentada na tratadística renascentista. Por meio de profundas modificações morfológicas realizadas à charamela desde a primeira metade do século XVII e de adequações da prática performativa ocorridas desde aquela época – entre as quais a diminuição da abertura da campânula, o aumento do tubo, a recolocação e diminuição do diâmetro dos orifícios, o aumento da palheta e o abandono da pirouette e a recolocação da palheta entre os lábios – se criou o hautboy, um instrumento de palheta dupla, construído em buxo ou outras madeiras de árvore de fruto, com duas-três chaves de som mais suave, com potencial para a execução em diversas tonalidades e em várias dinâmicas, próprio à execução nos recém criados agrupamentos proto-orquestrais barrocos franceses. Adoptado nas principais instituições musicais europeias desde o último quartel do século XVII, o hautboy sofreu diversos melhoramentos morfológicos no decurso do século seguinte, entre os quais a progressiva diminuição da abertura do pavilhão, o estreitamento do corpo do instrumento, a diminuição acentuada dos orifícios. Embora iniciado desde a década de 1780, o uso de mecanismos com mais de duas chaves só se estabeleceu em pleno século XIX; ainda naquele século, a adopção de palhetas de menor dimensão e maior rigidez e outras alterações morfológicas garantiram a maior tessitura, melhorias na afinação, sonoridade e equilíbrio sonoro em diversos registos do instrumento e uma maior acessibilidade de digitação e de execução em diversas tonalidades. Entre diversos modelos surgidos naquela centúria, receberam aceitação generalizada o oboé austríaco-germânico de 13 chaves, desenvolvido circa 1824 por Sellner e Koch, e o oboé francês de sete chaves, adoptado por Vogt circa 1825. Melhoramentos vários ao oboé francês foram encetados desde meados do século XIX: entre as décadas de 1840 e 1850, Lavigne adoptou o mecanismo desenvolvido por Boehm para a flauta transversal, que garantia, pelo ajustamento da colocação dos orifícios, a melhoria de afinação do oboé; não obstante, recebeu antes a aceitação generalizada dos instrumentistas o sistema 6’, não-Boehm, desenvolvido por Trièbert e Barret (1872) e adoptado no Conservatório de Paris em 1882, que permite a adopção da mesma digitação da primeira para a segunda oitava. Entre as inovações desenvolvidas no século XX, merecem menção o sistema Gillet (com “chaves furadas” aplicadas sobre os seis orifícios), Stotijn (com chave de registo automática) e Prestini (com chaves para o polegar esquerdo).

Bibliografia
Janet K. Page, Geoffrey Burgess, Bruce Haynes & Michael Finkelman, “Oboe” in Stanley Sadie, The New Grove Dictionary of Music and Musicians, Macmillan, 2001.

Ficha Técnica

Nome:  Oboé
Banda: Banda Municipal do Funchal
Data:  []
Categoria:  Sopro de Madeira
Materiais:  Madeira
Data da foto / digitalização:  19/05/2018
Estado de Conservação:   Mau

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